Ansiedade vs Trabalho: uma batalha que (ainda) convém esconder a todo o custo

Nov 2, 2022 10:00:00 AM / por Micael Santos

mulher a questionar-se: ansiedade no trabalho

Sente-a a respirar junto ao seu pescoço? Não é paranoia.

Chama-se ansiedade e nada tem que ver com o muitas vezes acarinhado “stress saudável”.

O stress é uma resposta a fatores externos. A ansiedade, por outro lado, é interna. É caracterizada por uma sensação de apreensão ou pavor que teima em não se descolar. Mesmo quando o cenário causador desse sentimento já não está presente.

Entre prazos apertados, reuniões importantes e apresentações, a ansiedade entranha-se nos cantos da mente, dando início a um jogo do labirinto.

Para alguns, a ansiedade ganha forma através de um acelerar do ritmo cardíaco cujos travões parecem inalcançáveis. Para outros, manifesta-se através de suores ou de uma respiração de tal modo ofegante que só o dobro dos pulmões permitiria o regresso à normalidade. Outros tantos sentem um excesso de nervosismo e bloqueio total de raciocínio.

E enquanto algumas pessoas lidam bem com esta emoção, outras enfrentam uma verdadeira “guerra dos tronos” para decidir quem é que conquista a saúde mental: se a ansiedade, se quem lida com ela.

Se viajarmos para o mundo do trabalho, todos estes sintomas podem ser amplificados e custarem, não só as relações no trabalho, mas, também, a performance desejável.

Dada a importância de estar atento a nós mesmo e aos que nos rodeiam, partilhamos cinco formas sob a qual a ansiedade impacta a performance e a qualidade do trabalho desenvolvido.

A ansiedade no máximo. O foco em mínimos históricos

Conhece a sensação de estar ‘all over the place'? É mais ou menos isso que acontece quando ficamos obcecados (ainda que involuntariamente) com algo que não conseguimos controlar e que rasga o foco naquilo que realmente importa.

No espetro do “aquilo que realmente importa” cabem as explosões criativas, a capacidade para tomar decisões, o pensamento estratégico, entre outras. Isto é, processos que habitualmente seguem um caminho bastante natural e sem esforço, transformam-se numa estrada cheia de buracos fundos.

Mas há um caminho que pode ser feito para restabelecer a normalidade. Algumas práticas incluem as pausas regulares, respeitar as horas de sono e praticar desporto. Paralelamente a isto, deve despender-se algum tempo em atividades cujo objetivo seja reforçar a concentração, como o yoga ou a meditação.

 

A ansiedade suga a predisposição à criação/manutenção de relações

É comum as pessoas com ansiedade balançarem entre dois estados de espírito no que diz respeito a relações, especialmente no trabalho: ou se colocam numa posição de defesa, ou se ‘desligam’ gradualmente de colegas de trabalho e das suas tarefas.

Nos casos em que o trabalho é propício a picos de stress (o que agrava a ansiedade existente) e as chefias e os colegas têm uma postura desleixada para com aqueles que se encontram ao seu redor – ignorando sinais evidentes -, a situação pode ser ainda mais complexa.

Falamos de cenários como o de um colaborador não se sentir ouvido num contexto onde aparentemente todos têm oportunidade para falar. Ou, por exemplo, quando a cultura não está suficientemente alinhada com os valores do trabalhador.

De qualquer forma, deverá haver um esforço acrescido para criar vínculos com as equipas e, quem sabe, desenvolver algumas amizades durante o processo.

 

Parece que o medo de falhar não tem limite

Reconhece a típica imagem em que uma pessoa tem, de um lado, o anjo e, do outro, o diabo? Agora, imagine ter o diabo a gritar-lhe ao ouvido “nem vale a pena tentares, esse projeto vai falhar e tu és um falhado!”, enquanto a voz do anjo não passa de um ruído impercetível.

Paralisante, não é?

A ansiedade distorce a autoconfiança que temos habitualmente e pode fazer-nos duvidar das nossas capacidades e, até, da nossa identidade. E quanto maior o esforço para reprimir os pensamentos e sentimentos, maior o poder que lhes damos para abalar a perceção que temos de nós mesmos.

As consequências? Para começar, dificuldade em iniciar o que quer que seja: fale-se de um projeto pessoal, um novo hobby, uma relação ou, até, um novo trabalho.

A “procrastinação” é a conclusão mais apressada que se tira, mas é importante ir além de uma análise superficial para perceber se se trata efetivamente de procrastinação ou se esta postura tem uma justificação que mereça atenção redobrada (entenda-se, ajuda profissional).

Uma forma de encarar a ansiedade nestas situações é colocar as coisas sob uma perspetiva de aceitação desses sentimentos, e não de combate contra eles. Eventualmente, passará.

 

A estagnação da carreira

Se as competências técnicas já há muito que estão longe de ser o único fator decisivo para impulsionar uma carreira, as soft skills, como é o caso da comunicação, estão cada vez mais na linha da frente.

Para quem as interações sociais são um verdadeiro aspirador de energia, pode ser muito desafiante dizer “sim” a cenários favoráveis ao networking, como receber convidados num evento, aceitar um almoço ou desfrutar de uma happy hour com colegas de trabalho. No fundo, cenários que implicam a disponibilidade mental para criar relação com o outro.

Ao se ceder à ansiedade, está-se, por outro lado, a fechar a porta a situações que podem ajudar a carreira a alcançar novos patamares. O desconforto é quase certo, mas deverá projetar os seus pensamentos num bom outcome, e fazer o possível para não pressupor que todas as oportunidades para socializar serão penosas e infrutíferas.

 

Em suma

É essencial estar atento aos outros, mas, em especial, a nós mesmos. Desvalorizar sinais de estados de ansiedade que estão a sair do controlo é comprar um desafio muito mais árduo e tumultuoso à frente.

Garanta que tem abertura suficiente para falar com a sua chefia ou colegas e averigue as opções com um profissional de saúde mental.

 

Tópicos: RHmais Soft Skills Produtividade Saúde Mental

Micael Santos

Escrito por Micael Santos

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