Mobilidade: o novo desafio da liderança

2.3.2021 / por Rui de Brito Henriques

Rui Henriques JE 2021

O líder de uma empresa deve mostrar a sua compreensão e apoio aos seus colaboradores,
possibilitar as melhores condições de vida, como teletrabalho, e ativar programas de apoio
social específico, interno e comunitário.


Em todo o mundo, as empresas encontram-se num processo acelerado de transformação digital. É inegável! Mais que outrora e devido à situação pandémica atual, novos desafios se colocam à liderança, agora num contexto de mobilidade crescente, de desmaterialização das relações pessoais e laborais, das instalações, das equipas, do “trabalho” tal como sempre o conhecemos.

Não estamos apenas a falar do “teletrabalho”, mas de toda a capacidade de se lidar com as alterações aportadas às empresas. A atenção dirigida às equipas que enfrentam o desafio de trabalhar em locais diferentes e em diversas plataformas, a atenção à proteção de dados pessoais, a incerteza relacionada com o pós-Covid, de como se promoverá e gerirá o regresso às instalações, quando isso irá acontecer e quem e em que condições contratuais irá voltar.

Neste mundo em turbilhão, este sim verdadeiramente VUCA (Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity), considero importante referir alguns aspetos que devem ser valorizados e, mais, constituírem-se pilares da liderança e da gestão a todos os níveis das empresas, quer na sua ação estratégica, quer na sua ação diária.

Consciencializamos que as ações demonstram uma força maior do que as palavras e, por essa razão, a liderança deve afirmar-se como um exemplo de ação, para além da capacidade de conseguir mudanças e transformações através da criação de empatia. Somos o que criamos e o que conseguimos induzir os outros a produzir e canalizar. Somos, sobretudo, o que fazemos. Algo fundamental na liderança é a capacidade de ver o mundo através da visão do outro e hoje mais do que nunca! E isto faz a reputação de um líder.

Ao líder exige-se constância nas suas convicções, mas sabendo adaptar-se e encontrar soluções, demostrando flexibilidade. Estamos perante um contexto que muda e se transforma com grande rapidez, nos processos e no rumo dos acontecimentos e que, por isso, o planeamento inicial pode ter de mudar repentinamente, e a probabilidade de isso acontecer é francamente alta. Daí que a comunicação para com os colaboradores tenha de ser clara e honesta. Os desafios existem e o líder deve assumi-los e comunicá-los de forma a transmitir confiança aos seus colaboradores. Confiança e accountability!

Duas outras características merecem destaque: a inovação e a adaptabilidade. Mais do que qualquer outra, a transição digital requer essas capacidades, tal como a rapidez no encontrar de soluções e de chegar a resultados, cedendo q.b. à capacidade de improvisação. Acrescentando que, em qualquer circunstância, as medidas adotadas devem ser sempre adaptadas a cada realidade operacional, tendo em conta a diversidade geográfica, histórica e social. Atuar significa saber que fazemos parte de um processo histórico da gestão da empresa, um processo que tem um passado e que terá um futuro. Tal deve ser respeitado.

Nestes tempos social, económico e financeiramente difíceis, o equilíbrio da tomada de decisões é também fundamental. Nada pode ser reativo, decidido por impulso, desde as pequenas às grandes escolhas. Perante um desafio, os líderes devem analisar os vários cenários, assim como serem rápidos na seleção do melhor. Isso exige capacidade de planeamento e análise e conhecimento do dia a dia da empresa, para melhor avaliar os seus impactes. Se não se exercer convictamente esta característica está-se a comprometer o futuro da empresa, dos colaboradores e dos seus clientes.

Fundamental é também o olhar para a saúde mental de todos os colaboradores. Estamos perante a possibilidade de um enorme surto de doenças mentais, solidão e individualismo que se avizinha, por isso é importante estar atento e próximo, para se evitar o desânimo e a desmotivação.

As ferramentas de gestão (planeamento, gamification), para além de prosseguirem o controlo dos indicadores chave de performance – os tão falados KPI –, para as quais foram criadas, devem corresponder aos desafios de minimizar os efeitos do isolamento e das (novas) doenças mentais daí decorrentes.

Por último, mas talvez o mais importante, não poderia deixar de referir aquele que é hoje um dos grandes pilares da liderança: a humanidade! Com particular pertinência, é capital que a função de liderança tenha na sua natureza o lado humanista. Nesta fase mais difícil, o líder deve mostrar a sua compreensão e apoio aos seus colaboradores, possibilitar as melhores condições de vida, nas quais se insere o teletrabalho, e ativar programas de apoio social específico, interno e comunitário.

Só desta forma defendemos os nossos Valores. Só desta forma atingimos a nossa Missão!

 

Fonte: Jornal Económico, fevereiro de 2021.

Tópicos: Global Contact Center RHmais gamification Teletrabalho Gestão de Recursos Humanos

Rui de Brito Henriques

Escrito por Rui de Brito Henriques

Presidente da Comissão Executiva (CEO) da RHmais

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