Como desenvolver uma Organização saudável e feliz?

18.3.2024 / por Rita Correia

Raquel-Canoa-Conversa Impar 2024

Todos aspiramos a desenvolver Organizações saudáveis e atrativas. Mas quais as razões para investirmos tempo e recursos para vivermos felizes no trabalho? O tema “Ferramentas de Motivação: Como desenvolver uma Organização atrativa” foi o escolhido para a RHmais participar, a 5 de março, numa nova edição da Conversa InPar, em parceria com a consultora InPar - In Partnership Business Consulting, no Salão Nobre da Câmara de Comércio e Indústria Portuguesa, em Lisboa.

Investir na Felicidade Organizacional: Uma prioridade

Rui Santos, diretor-geral da InPar, começou por abordar as tendências, apresentando dados, e refletiu acerca do papel de cada Pessoa nas Organizações, da importância de haver colaboradores motivados e felizes, pois a curva de clientes satisfeitos e felizes cresce a par e passo quando as Pessoas estão de facto envolvidas e motivadas. 

No seguimento, o papel da liderança é importantíssimo, uma vez que há uma elevada percentagem de Pessoas que abandona a Organização por desgaste relativamente à sua relação com o líder. Lideranças, com gap geracional relativamente aos seus liderados, não serão certamente o fator que impossibilita Pessoas motivadas e felizes; o indispensável é dotar os líderes de ferramentas que lhes permitam ouvir, conhecer, acreditar e extrair o melhor das Pessoas.


Felicidade e Motivação: O Caminho para o Sucesso Organizacional

Como podemos, então, potencializar nas Pessoas a vontade de ficar na Organização, ainda que a motivação mais duradoura e eficaz seja sempre a intrínseca? Que condições temos que disponibilizar para que sintam, no final de tudo, que são mais felizes nesta e com esta Organização do que seriam numa outra?

Raquel Canoa, Happiness Manager, Coordenadora de Pessoas, Cultura & Solidariedade da RHmais, foi convidada a falar sobre "Como desenvolver uma Organização Feliz e Saudável" e começou por apresentar alguns números. No World Happiness Report 2023, promovido pelo Wellbeing Research Centre da Universidade de Oxford, no Reino Unido, Portugal ficou, pelo 2º ano consecutivo, em 56º lugar como um dos países mais felizes do Mundo; os países nórdicos continuam nos lugares de destaque. Segundo dados do Happiness Works 2022, os colaboradores felizes faltam menos 56%, têm menos 43% de vontade de sair da Organização e consideram-se 7% mais produtivos.


Promovendo uma Cultura Organizacional Forte


Citando José Bancaleiro, Raquel explicou que o impacto da felicidade nas Organizações traz mesmo resultados, seja na qualidade do serviço, na satisfação dos clientes, redução de custos ou de absentismo. A felicidade, seja o bem-estar, motivação, satisfação e alegria, influencia inequivocamente a performance, a criatividade, produtividade, qualidade e lealdade dos colaboradores para com a sua liderança e Organização.

No entanto, um modelo não serve para todas as Pessoas. A motivação é sempre diferente de Pessoa para Pessoa e, isso, dá muito trabalho. Porque para as Pessoas estarem motivadas, têm de ser envolvidas, têm de sentir que o seu trabalho contribui para o sucesso da sua Organização. Não há outra forma de o fazer.

Outro facto é que, quando nos sentimos seguros, não temos problema em questionar processos. Respondemos melhor ao porquê de se fazerem as coisas. Temos a certeza de que não é pelo lucro, é acerca do propósito, causa ou crença, pela razão da existência da Organização. Porque a Cultura de uma Organização é o que permite que o modelo de negócio atinja todo o seu potencial. 

É, portanto, primordial que os colaboradores percebam o porquê das tarefas que executam ou que terão de executar, como podem fazê-lo, tendo obviamente o suporte necessário para depois realizarem o que têm de fazer. Dessa forma, é mais fácil obter um sentido de missão e a importância do que nos pedem para o todo. Nestes casos existe um protocolo, a que Raquel Canoa apelidou de “Protocolo SSL”: Sangue, Suor e Lágrimas, ou seja, o esforço discricionário que os colaboradores entregam.


Desenvolver Colaboradores e Lideranças para o Futuro

Existe uma enorme diferença entre contratar boas Pessoas e desenvolver boas Pessoas. Contratar pressupõe que o colaborador traz para a Organização o que esta necessita, mas que, no seu regresso a casa, vá com um pensamento de que trabalha numa Organização que não se preocupa efetivamente com ele. Por outro lado, desenvolver significa que existe um compromisso da Organização em desenvolver e evoluir o colaborador, e este, no seu regresso a casa, irá com um sentido de realização profissional, de que aquilo que faz e diz importa, e isso ajuda a que se sinta melhor com ele próprio, o que, inevitavelmente, conduzirá a tornar-se num melhor pai/mãe, marido/esposa, no fundo, numa melhor Pessoa.

Raquel Canoa abordou, ainda, o modelo H/H/H: Hands, Head, Heart. Hands refere-se à produtividade, ao que cada colaborador pode entregar a nível de performance e resultados. Head significa a valorização da individualidade de cada colaborador, o seu envolvimento na procura de soluções e a tomada de decisões. Por fim, Heart corresponde à ligação emocional do colaborador à Organização que representa, o seu sentido de pertença e o seu esforço discricionário (“Protocolo SSL”).


Estratégias para Promover a Felicidade no Trabalho

Existem múltiplas formas de motivar as Pessoas. A primeira de todas é óbvia: através da forma positiva e encorajadora como comunicamos. Mas há muitas outras maneiras: a progressão na carreira, com alteração de função; a partilha de informação; a importância dada à presença dos colaboradores no local de trabalho (porque a proximidade e a interação imediata só é possível no presencial); a forma como nos relacionamos e como nos interessamos pelos colaboradores; a flexibilidade na gestão do seu work-life balance; o interesse e a procura por soluções aos pedidos dos colaboradores; a celebração dos sucessos (sejam pequenos ou grandes, pessoais ou profissionais); as iniciativas de saúde e bem-estar; os recursos e investimento em soft skills; a responsabilidade social (interna e externa); as parcerias/benefícios corporativos disponibilizados; os benefícios personalizados; os eventos da empresa inclusivos, que possibilitem a criação de momentos memoráveis, etc.

Não existe outra forma de o fazer: temos de estar próximos das Pessoas. Há muitas situações que só ganham importância e são tidas em conta se as presenciarmos. Porque as Pessoas precisam de ser vistas, ouvidas, compreendidas, valorizadas e reconhecidas. 

Naturalmente que, numa grande Organização, os líderes poderão não saber o nome de todos os seus colaboradores, mas, pelo menos, alguém da sua equipa deve saber, para poder perguntar-lhes se estão bem ou se precisam de algo. É importante saber escutar para compreender, e não para responder. Para isso, podem lançar-se, por exmeplo, breves questionários após as iniciativas promovidas, com perguntas relevantes para conseguir-se ter um feedback imediato e a possibilidade de agir. 


Como podemos, então, desenvolver Organizações saudáveis e atrativas?


Raquel Canoa defendeu, no final da sua apresentação, que se deve promover uma Cultura Organizacional forte que sustente as ações de motivação e de felicidade, investindo nos relacionamentos e na celebração de resultados: A felicidade no trabalho está sempre diretamente relacionada com Pessoas (relacionamentos) e os seus resultados.”

Na mesa-redonda que decorreu a seguir,
Susana Martins representou a Iberdrola, Raquel Canoa e Ana Sofia Dias a RHmais (esta última, Coordenadora Operacional das equipas de Consumo, Outbound e Qualidade de Supervisão, de um Projeto já com 24 anos de duração), e Nuno Norte a Enghouse, empresa de soluções tecnológicas. Pretendeu-se conhecer os seus pontos de vista sobre o sentimento de pertença, a necessidade de vermos e ouvirmos as Pessoas no dia a dia, e como a tecnologia pode ajudar, de facto, em tarefas mais rotineiras e contribuir para a transparência dos resultados obtidos por cada colaborador face aos objetivos da Organização.

No final do evento, os participantes desta Conversa InPar foram divididos por mesas redondas para partilharem as suas experiências e esclarecerem dúvidas sobre o tema. O que podemos fazer para incrementar os níveis de motivação? O somatório das várias conclusões é elucidativo: todos os participantes estão em sintonia e de acordo quanto ao rumo a seguir.

Promover e contribuir para o sentimento de pertença lidera o ranking de todos os grupos, juntamente com a necessidade de haver líderes mais próximos, que procurem dar voz à Organização e fomentem a autonomia.

Igualmente importante é a criação de momentos frequentes e contínuos de partilha, para ouvir as Pessoas, bem como a importância da criação de momentos lúdicos disruptores do dia a dia profissional. Trazer humor às Pessoas permitindo-lhes perceber que podem sentir-se felizes nas Organizações, potenciando relações de confiança. Escutar e olhar as e para as Pessoas, perguntar-lhes como estão, percebendo o momento mais adequado. Parar e querer, de facto, ouvir e compreendê-las, gerindo expectativas, trazendo sinceridade e transparência e agindo sobre o compromisso inicial.

Obviamente que o reconhecimento do trabalho das Pessoas também é primordial, mostrando-lhes o quão bom e importante é, se possível, através de remuneração ou benefícios. Estes últimos devem ser ajustados ao que as Pessoas mais valorizam.

Outro aspeto referido foi valorizar e incentivar as Pessoas a procurarem um equilíbrio entre a sua vida pessoal e profissional, organizando ações nesse sentido. Exemplos: Dia de sair mais cedo para estar com a família ou Ações de Voluntariado.

Por fim, mencionou-se que é premente e urgente a formação contínua da liderança. Afinal, um líder feliz será certamente um líder mais próximo, que reflete continuamente, inspira e promove todas as ferramentas mencionadas e, mais ainda, ajuda a desenvolver melhores Pessoas e mais felizes.

 

Tópicos: work-life balance motivação no local de trabalho Gestão de Equipas Felicidade

Rita Correia

Escrito por Rita Correia

Marketing e Comunicação RHmais

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