Dia Internacional das Pessoas com Deficiência: entrevista a Domingos Djata

Dec 6, 2022 3:02:00 PM / por Micael Santos

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Todos os anos é celebrado o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, mas não só de um dia se faz a inclusão. A inclusão e a diversidade fazem parte de um processo contínuo que se estende muito além de um único dia.

Faz-se dando voz. Dando o espaço necessário. Faz-se da vontade de compreender o outro e de nos permitirmos abandonar preconceitos. É isso que fazemos e iremos continuar a fazer.

Domingos Djata é Gestor de Contacto na RHmais. Tem uma deficiência física e desempenha plenamente a sua função, tal como os seus colegas de trabalho. Também é jogador de Basket. E tantas outras coisas.

Agora, é a vez de se apresentar e partilhar as suas vivências e experiências.

Quem é o Domingos Djata?

Na verdade, ainda ando à procura dele. Sou uma pessoa que pensa que tudo o que fazemos tem as suas recompensas. Sentir-me realizado no que faço, ficar frustrado e, depois, procurar a solução. Gosto sempre de ajudar o próximo. A minha curiosidade alimenta-me muito e ajuda-me a diversificar.

 

Como é o teu dia a dia no trabalho e que funções desempenhas?

As minhas funções como Gestor de Contacto na RHmais passam por ajudar as pessoas da melhor forma possível. É um trabalho que requer muita responsabilidade e concentração. Nós somos uma ponte de ligação entre milhares de pessoas que dependem diariamente do telemóvel e da Internet para poderem comunicar e realizar, também, as suas funções laborais.

 

Como foi a tua entrada? Que desafios sentiste e como os superaste?

A minha entrada ou integração foi difícil pois vinha de uma área de trabalho totalmente diferente. Por essa razão, ter que interagir diariamente com pessoas por telefone foi desafiante dado que pouco comunicava e tinha medo de poder errar no que estava a fazer.

A superação acaba por ser a curiosidade de querer saber mais sobre Telecomunicações. O que está por detrás e como funciona uma linha telefónica que faz mais de 90% das pessoas estarem em contacto. Vontade de ajudar as pessoas acima de tudo.

 

Parece que és um grande jogador de Basket. Este desporto tem, ou teve, alguma influência na forma como hoje encaras o mundo e o dia a dia?

Sempre estive ligado ao desporto. Foi o que me levou a perceber que irão sempre existir barreiras difíceis mas não impossíveis de quebrar. Todos estamos perante uma competição para alcançar objetivos, seja individualmente ou em grupo.

E o facto de, hoje, não conseguir subir uma rampa ou um degrau, não significa que amanhã não o possa fazer, seja sozinho ou com ajuda. O Basket é uma paixão de infância. Diria que é o meu combustível para o dia a dia e onde quero deixar a minha marca.

 

Sendo o Basket um desporto que prima pelo espírito de equipa, que outras skills adquiriste durante esta jornada e que, hoje, te são essenciais?

A motivação de poder participar, de querer aprender, de partilhar experiência. A união de equipa perante a procura de alcançar um objetivo. Acima tudo, traçar a meta é o essencial.

 

Que outras ambições tens ao nível desportivo? Podes revelar o teu grande objetivo?

A minha ambição será sempre procurar superar os meus feitos e, também, de alguém que está "acima de mim". Por isso, o objetivo é procurar manter-me focado. Procurar fazer melhor do que aquilo que fiz ontem.

 

Como lidas e ultrapassas os momentos de menor motivação?

Os momentos de menor motivação, dizia o meu avô são momentos de questões, das incertezas, o que fizemos menos bem. Partilhar e questionar os outros irá sempre ajudar.

 

Decerto que haverão mais pessoas como tu ou com outras realidades que ainda duvidam das suas capacidades ou daquilo que podem alcançar, quer ao nível pessoal, quer ao nível profissional. Que conselhos darias a essas pessoas?

Eu penso que viemos ao mundo para aprender, partilhar e deixar a nossa marca, seja de que forma for. Não nascemos com as mesmas capacidades e habilidades, o que é menos aborrecido. Antes de nascer, não me lembro de ter conhecido outro mundo ou pessoas.

O medo eleva a superação. A dúvida eleva a procura de respostas, e a procura eleva a superação. O que me leva a pensar que a importância de partilhar o conhecimento e experiência da vida pessoal e profissional nos faz querer fazer parte da História que está a ser escrita desde a nossa existência. E porque não querer fazer parte dela?

 

O dia 3 de dezembro é o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Sentes que este dia já conquistou e desmistificou muitos preconceitos ou, por outro lado, consideras que há, ainda, um longo caminho a percorrer, nomeadamente num contexto empresarial/laboral?

Sim, sinto que há uma desmistificação face a uma pessoa com deficiência. Isto verifica-se pelo cada vez maior número de empresas que contratam pessoas com deficiência. Um exemplo que o mundo conheceu foi o de Stephen Hawking.

Não é uma certa limitação que dita o que somos ou que já não podemos exercer uma função. Eu, como colaborador da RHmais, representante de ONGs e Atleta de BCR Basket em cadeiras de rodas em Portugal, sempre procurei apresentar-me ao mercado de trabalho.

O preconceito irá sempre existir, mas o facto de as pessoas se informarem e acreditarem nas capacidades das outras já é um bom caminho.

Tópicos: Talentos Gestão de Recursos Humanos Gestão de Equipas Inclusão

Micael Santos

Escrito por Micael Santos

Marketing e Comunicação RHmais

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